Estrada sem fim

Acordamos em Etretat com muitos quilômetros pela frente, um bom trecho de carro e outro tanto de trem. Tomamos nosso café da manhã, comprado numa boulangerie, olhando as falésias na beira da praia. Nem o vento congelante atrapalho o momento. Acertamos o hotel e partimos para a estrada, eram pelo menos 3h de viagem até Lille. As auto-estradas francesas são muito boas, valem o que se paga de pedágio.

Utilizamos pouco o GPS, somente para nos guiarmos até a auto-estrada e depois para chegarmos em Lille. Dessa vez analisamos toda a rota antes de partimos para a estrada, foi bem melhor assim. Às 15h chegamos na Gare de Flanders, em Lille. Próximo trem para Brugge era às 17h, tínhamos tempo para descansar da estrada, almoçarmos e comprarmos as passagens.

Foi a primeira viagem de trem da Nanda, ela adorou a experiência, parecia eu na minha primeira viagem de trem. Chegamos às 18h33 em Brugge, logo estávamos no hotel, bastou pegarmos o primeiro ônibus em direção a praça central. Aproveitamos o final do dia, afinal só escurece às 21h, para conhecer um pouco da cidade. Nos assustamos com o preço dos restaurantes, preços para turistas. Acabamos jantando no Quick, era a melhor opção e o mais perto do hotel.

Etretat

Outra ótima dica que recebemos: visitem Etretat. Saímos cedo de Granville, rumo a Etretat e suas falésias. Foram uns 240km, passando pelas gigantescas pontes que existem em Le Havre. Como anotamos os principais pontos da rota, só utilizamos o GPS nos pontos mais críticos. A sinalização nas estradas é muito boa, tendo um mapa e planejando a rota antes é muito fácil de se locomover de carro pela França.

Chegamos em Etretat e já era hora de almoçarmos, antes de irmos para praia ver as falésias. Comemos um crepe de salmão, nos instalamos no hotel e partimos para a praia, que estava há 3 quadras dali. Chegando na praia nos deparamos com as incríveis falésias! A cidade foi criada bem no meio do vale entre as falésias. Na praia não há areia, somente pedras, de todos os tamanhos e formatos. A sensação de andar no meio de brita é engraçada, o pé afunda.

Subimos nas falésias dos dois lados da praia. A vista é impressionante. Definitivamente deve ser incluído numa visita pelo interior da frança. O tempo estava ótimo, apesar de nublado, não havia vento e a temperatura estava amena. A cidade deve fica explodindo de turistas no verão.

A noite começou a chover e ventar, logo o frio virou congelante novamente. Jantamos batatas para nos aquecermos.

Mont Saint-Michel

Acordamos em Granville, o dia prometia. Havia um nevoeiro, vento e o sol prometia aparecer. O vento continua cortando de tão frio. Granville fica há 50km do Mont Saint-Michel. Há uns 20km do monte, ele já começa aparecer no horizonte. O sol também resolveu aparecer, só faltava parar o vento agora (coisa que não ocorreu). Ver o monte e suas construções é realmente incrível, vale a visita. O estacionamento estava lotado, todos os turistas da região resolveram aproveitar o belo dia de sol para visitar o monte.

A maré estava no seu nível mais baixo, somente em uns 3 dias que ela começaria a encher. Essa diferença de marés é realmente impressionante, ficam vários quilómetros de praia, com pequenos rios e areia movediça. Haviam diversas excursões caminhando pela areia. Subimos o monte, contornando as muralhas, local onde haviam menos turistas. Na rua principal do burgo hordas de turistas e excursões andavam para cima e para baixo. Logo chegamos a entrada a abadia. Que é a melhor atração do monte, além dele próprio.

Na Abadia existem diversos níveis de salões, no topo está a igreja e o claustro. Abaixo disso num emaranhado de escadas e passagem existem diversos salões, com lareiras gigantescas e pilares incríveis. Definitivamente é impressionante ver isso tudo.

O sol estava queimando e o vento congelava, a sensação era estranha. Caminhamos um pouco pelo entorno do morro antes de retornamos a Granville. Várias pessoas, malucas ou somente europeias demais, molhavam os pés entrando nos rios. Ficamos com a impressão que a quantidade de turista em um lugar como este devia ser um pouco controlada. Haviam excursões demais, pelo menos uns 20 ônibus estavam estacionados, além de uma quantidade infinita de carros.

Chegamos em Granville com tempo para passear antes do pôr-do-sol. Não deu para visitar os museus da cidade, pois eles já haviam fechado. A parte antiga da cidade, em cima do morro, é muito bonita. Jantamos um faux filet com fritas, congelamos com o vento voltando para o hotel.

Rumo ao Mont Saint-Michel

Acordamos em Blois com uma agenda cheia para o dia e com o objetivo final de chegar a Grandville, para visitar o Mont Saint-Michel no dia seguinte. Antes de rumarmos para o litoral, tínhamos que visitar pelo menos o Châteu Chenonceau. Fizemos o check-out do hotel e partimos para a estrada, Chenonceau fica há uns 50km de Blois. O dia estava com nevoeiro e um pouco encoberto.

O Châteu Chenonceau é um dos mais bonitos da região e fica situado sobre o leito do rio. Haviam muitos turistas visitando o local, mas isso não nos atrapalhou. Visitamos todos os aposentos e nos divertimos olhando os jardins. Há um grande labirinto circular no meio do bosque do castelo. Aproveitamos para almoçar no restaurante da L’orangerie do castelo, nos deliciamos com um belo Boeuf Bourguignon com batatas frita.

Saindo do castelo, resolvemos passar na frente do castelo de Amboise, desviando um pouco a rota prevista pelo GPS. Amboise pareceu legal, mas ficamos contentes por termos nos hospedado em Blois. Aqui a cidade tem cara bem mais turística do que Blois. Do castelo só conseguimos ver a muralha, não tínhamos tempo para entrar e visitar. Logo partimos para a estrada. Faltavam pelo menos 350km para chegarmos ao mar.

No meio do caminho, logo na saída de Amboise, tivemos a sorte de passar pelas cavernas Trogloditas. É muito interessante ver os buracos escavados na rocha e utilizados como casas. Vale gastar mais tempo pelo vale, 3 dias são poucos para visitar o vale. Reserve pelo menos uma semana para visitar com calma os principais castelos, vinícolas e outras atrações da região.

Levamos umas boas 4h até chegarmos em Granville. Foi bastante chão rodado, várias paisagens diferentes e de vez em quando um cheiro forte de vaca (acho que estávamos na Normandia). No meio do caminho o carregador do iPhone para carro deixou de funcionar. Tivemos que andar com o GPS desligado, só ligando nos pontos principais. Granville é uma cidade linda, com praias, porto, cassino, restaurantes e história. Estava frio e o vento era congelante. Foi uma ótima dica ficar nessa cidade, ao invés de algum hotel no Mont Saint-Michel.

Terminamos o dia, exaustos, devorando uma bela pizza. A Nanda comeu um calzone de salmão e eu ataquei uma pizza de saint-jacques (vieiras) e camarões. Nham!

Chambord, Chiverny

Acordamos cedo, afinal, tínhamos dois castelos, Chambord e Chiverny, para visitar. Tomamos o café da manhã no hotel e logo partimos para Chambord, a 25km de Blois. O GPS nos guiou por algum caminho estranho, mas bastante bonito. A chegada ao castelo é bastante impressionante, toda a área em volta do castelo é um bosque e a grande estrutura do castelo se ergue no meio da mata.

O castelo é bastante bonito, o que chama bastante a atenção é a simetria da construção, assim como a grande escada em hélice dupla no centro do castelo. Almoçamos do lado do castelo, na sombra, vendo o castelo. O sol estava generoso, e na sombra estava agradável. Após nosso sanduíche, pegamos o carro e seguimos as instruções do GPS para chegarmos em Chiverny.

Chiverny é o castelo que inspirou um dos castelos que aparecem nos quadrinhos do Tin Tin. Se compararmos ele com Chambord ou com Blois, é um castelo pequeno, talvez esteja mais para uma grande mansão. Os jardins do castelo são incríveis, enormes e super bem cuidados. Além disso, eles possuiu uma gigante matilha de cães de caça. Assistimos os cachorros recebendo a janta, eram uns 100 animais correndo e disputando a carne e ração. Uma cena incrível e inusitada.

Voltamos para Blois cedo, compramos pains au chocolate para a alegria da Nanda e aproveitamos para jantar dessa vez, afinal era bem antes das 22h.